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TAXONOMIA, ECOLOGIA E BIOLOGIA DAS ANDORINHAS
Evolução e sistemática
Apesar de apresentarem adaptações recentes a um modo de vida aéreo, as andorinhas possuem alguns caracteres evolutivos mais antigos, como a siringe traqueobrônquica, característica que as coloca na ordem Passeriformes. Os investigadores consideram que as andorinhas (Hirundinidae) estão intimamente relacionadas com as cotovias (Alaudidae) e com as petinhas e as alvéolas (Motacillidae). A família Hirundinidae divide-se nas subfamílias Pseudochelidoninae e Hirundininae. A subfamília Pseudochelidoninae é apenas constituída pelas duas espécies de andorinhas-dos-rios (Pseudochelidon eurystomina e Pseudochelidon sirintarae) e terá divergido da principal linhagem das andorinhas, a subfamília Hirundininae, logo no início da evolução desta família. As evidentes semelhanças morfológicas e comportamentais entre andorinhas (Passeriformes: Hirundinidae) e andorinhões (Apodiformes: Apodidae) devem-se unicamente a um processo de evolução convergente. Quando organismos não evolutivamente relacionados são submetidos a pressões seletivas semelhantes, resultantes do nicho ecológico que ocupam, desenvolvem traços morfológicos e comportamentais idênticos. Estas semelhanças explicam a razão pela qual, no passado, andorinhas e andorinhões foram considerados parentes próximos e foram todos colocados no género Hirundo. Contudo, no final do século XIX, evidências moleculares provaram que estas aves não estão evolutivamente relacionadas e, como tal, foram colocadas em ordens diferentes.
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Topografia
PRIMÁRIAS
São as penas mais longas das andorinhas e têm como principal função dar impulso para o voo. Ao contrário da maior parte das penas que crescem sob a pele das aves as primárias estão fixas nos ossos das asas.
PRIMÁRIAS
São as penas mais longas das andorinhas e têm como principal função dar impulso para o voo. Ao contrário da maior parte das penas que crescem sob a pele das aves as primárias estão fixas nos ossos das asas.
COBERTURAS DAS PRIMÁRIAS
Penas que se sobrepõem às bases das penas primárias e tem como função protege-las.
COBERTURAS DAS PRIMÁRIAS
Penas que se sobrepõem às bases das penas primárias e tem como função protege-las.
SECUNDÁRIAS
As penas interiores da base da asa são chamadas de secundárias e têm como principal função ajudar a ave a planar durante o voo.
SECUNDÁRIAS
As penas interiores da base da asa são chamadas de secundárias e têm como principal função ajudar a ave a planar durante o voo.
GRANDES COBERTURAS
Penas que se sobrepõem às bases das secundárias e tem como principal função protege-las.
GRANDES COBERTURAS
Penas que se sobrepõem às bases das secundárias e tem como principal função protege-las.
UROPÍGIO
Corresponde à área abaixo do dorso e até às penas supracaudais. O uropígio geralmente está sob as asas fechadas de uma ave quando pousada.
SUPRACAUDAIS
Penas que protegem a base das retrizes.
RETRIZES
As penas da extremidade da cauda também chamadas de retrizes estão fixas na vertebra caudal e têm como principal função o voo sendo usadas para planar, mudar de direção ou travar.
RETRIZES
As penas da extremidade da cauda também chamadas de retrizes estão fixas na vertebra caudal e têm como principal função o voo sendo usadas para planar, mudar de direção ou travar.
ÁLULAS
Três penas que crescem no local correspondente aos nossos polegares.
​ÁLULAS
Três penas que crescem no local correspondente aos nossos polegares.
PEQUENAS COBERTURAS
Penas próximas do bordo de ataque da asa que se sobrepõem às bases das coberturas médias.
PEQUENAS COBERTURAS
Penas próximas do bordo de ataque da asa que se sobrepõem às bases das coberturas médias.
COBERTURAS MÉDIAS
Penas que se sobrepõem às bases das grande coberturas.
Manto
Área abaixo da nuca. Constituído por grupo distinto de penas que cobre a parte superior das costas, ladeado pelas penas escapulares.
MENTO
Esta é uma área muito pequena localizada na base da mandíbula inferior, na parte superior da garganta. Muitas vezes, a observação cuidada do mento pode ser uma boa pista para identificar certas espécies.
GARGANTA
Área entre o mento e o peito.
COROA
Área referente ao topo da cabeça do andorinha.
Nuca
Área atrás do pescoço.
BICO
O bico das andorinhas é maior do que parece. Para que consigam comer insectos em voo elas conseguem abrir a mandíbula com uma amplitude impressionante.
COBERTURA AURICULAR
Conjunto de penas que cobre os ouvidos.
TERCEÁRIAS
As três penas mais interiores da asa tem o nome de terceiras e têm como principal função proteger as penas primárias e as secundárias do sol quando a ave está pousada.
COBERTURAS MÉDIAS
Penas que se sobrepõem às bases das grande coberturas.
TERCEÁRIAS
As três penas mais interiores da asa tem o nome de terceiras e têm como principal função proteger as penas primárias e as secundárias do sol quando a ave está pousada.
DORSO
Área entre o manto e o uropígio. O dorso fica geralmente coberto pelas asas quando a ave está pousada.
FRONTE
Área entre o bico e a coroa.
ESCAPULARES
Penas que cobrem a base da asa. As escapules flanqueiam o manto e geralmente cobrem a curva da asa.
ESCAPULARES
Penas que cobrem a base da asa. As escapules flanqueiam o manto e geralmente cobrem a curva da asa.
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Morfologia
A morfologia delicada das andorinhas permite-lhes voos rápidos e com frequentes mudanças de direção, o que otimiza a captura de insetos. O comprimento corporal destas aves varia entre 10 e 24 cm, o peso entre 10 e 60 g e a envergadura entre 25 e 45 cm. Apesar de todas as andorinhas apresentarem asas longas e pontiagudas com 10 primárias, a estrutura da cauda é variável de espécie para espécie, sendo fortemente bifurcada numas espécies e ligeiramente arredondada ou quadrada noutras. A plumagem das andorinhas é também bastante variável. Enquanto a plumagem de algumas espécies é escura ou bicolor (geralmente castanho e branco), outras espécies exibem plumagens coloridas com tonalidades iridescentes. A maioria destas espécies não apresenta dimorfismo sexual e, como tal, não existem diferenças apreciáveis de plumagem ou tamanho entre machos e fêmeas. Contudo, em algumas espécies, como a andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica), os machos apresentam retrizes externas consideravelmente maiores do que as fêmeas. Como as andorinhas se alimentam em voo, o seu bico pequeno possui uma ampla abertura que lhes facilita a captura de insetos.
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Distribuição
As andorinhas têm distribuições amplas, ocorrendo em praticamente todos os locais do planeta, à exceção da tundra ártica, da Antártida e de algumas ilhas oceânicas isoladas. Algumas espécies de andorinhas são endemismos de determinadas regiões. Existem quatro espécies endémicas na Austrália, nove na América do Norte e cerca de 20 na América Central e do Sul. África não só é o local de nidificação de mais de 30 espécies, como recebe no inverno a maioria das espécies que nidificam no continente europeu e asiático.
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Habitat
Estes passeriformes exploram uma grande variedade de habitats e estão principalmente dependentes da disponibilidade de alimento e de locais de nidificação. Os seus principais habitats de caça incluem ecossistemas florestais próximos a lagos, rios e pântanos, savanas arborizadas e pradarias. Os locais de nidificação variam entre espécies: algumas nidificam em cavidades de árvores, outras escavam ninhos em taludes de areia e outras constroem os ninhos em falésias rochosas ou construções humanas.
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Comportamento
As andorinhas são exímias voadoras capazes de executar impressionantes manobras aéreas, quer para alimentação, quer como ritual de acasalamento. Os machos geralmente escolhem e defendem um local de nidificação e atraem as fêmeas através de vocalizações e padrões de voo singulares. Assim como as manobras aéreas são parte importante do ritual de acasalamento, manchas coloridas na plumagem também são cruciais para atrair fêmeas. O tamanho do território de cada casal varia de espécie para espécie. Enquanto as espécies gregárias têm territórios mais pequenos e estes podem estar restritos ao próprio local de nidificação, as espécies solitárias podem ter territórios consideravelmente maiores. Os indivíduos migradores podem retornar ao mesmo local de nidificação ano após ano se tiverem sido bem sucedidos previamente.
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Ecologia alimentar e dieta
A maioria das andorinhas é exclusivamente insetívora, capturando as suas presas em voo. A andorinha-das-árvores (Tachycineta bicolor) constitui uma excepção: esta espécie também consome matéria vegetal, incluindo bagas e outros frutos pequenos. O tipo de insetos consumidos pelas andorinhas varia consideravelmente. Enquanto as andorinhas de maior porte se conseguem alimentar de libélulas e borboletas, as espécies mais pequenas alimentam-se sobretudo de insetos de tamanho médio, como moscas, pequenos besouros e formigas aladas. As andorinhas também se alimentam de aranhas. O tipo de presas depende das espécies que estão disponíveis, variando assim com as condições climatéricas. Estas aves alimentam-se em locais onde a disponibilidade de alimento é maior, voando por cima de áreas de habitat aberto, reservas de água ou copas de árvores. Durante a época reprodutiva, estas aves tendem a alimentar-se perto dos locais de nidificação e não se afastam mais do que poucos quilómetros dos mesmos, ao contrário dos andorinhões. As andorinhas podem alimentar-se em grandes bandos ou individualmente.
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Reprodução e ciclo de vida
Regra geral, estes passeriformes formam pares reprodutores monogâmicos. Contudo, alguns machos com comportamentos promíscuos podem tentar copular com várias fêmeas. Este comportamento é típico em locais onde estas aves formam bandos de grandes dimensões. Por outro lado, fêmeas de algumas espécies coloniais, como a andorinha-dos-beirais (Delichon urbicum), que tentam maximizar o seu sucesso reprodutor, depositam alguns ovos em ninhos de outros casais, que os cuidam como se fossem deles próprios. A construção dos ninhos é altamente variável entre as diferentes espécies de andorinhas. Algumas espécies usam cavidades pré existentes, como antigos buracos de pica-paus, para construir o seu ninho de lama e galhos. Outras espécies escavam túneis até dois metros de comprimento em taludes arenosos, construindo o ninho na extremidade interior do túnel. Existem ainda algumas espécies que constroem ninhos de lama que ficam presos a penhascos, árvores, cavernas, ou estruturas artificiais, como viadutos e edifícios. Estes ninhos de lama podem ter diferentes formatos, podendo ser taças abertas, como os ninhos característicos da andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica), ou ser totalmente fechados e ter um túnel de entrada, como os ninhos da andorinha-dáurica (Cecropis daurica). Estes ninhos de lama são renovados e usados ano após ano. As andorinhas, ao contrário da maioria dos andorinhões, podem fazer múltiplas posturas durante uma época de nidificação. Estas posturas podem variar entre 3 e 8 ovos, que são incubados durante 11 a 20 dias. Em algumas espécies a incubação dos ovos é realizada por ambos os sexos. O desenvolvimento das crias demora entre 2 e 3 semanas.
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