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Apus apus. andorinhão preto. common swift.

TAXONOMIA, ECOLOGIA E BIOLOGIA DOS ANDORINHÕES
 

Evolução e sistemática

Os andorinhões são aves extraordinariamente adaptadas a um estilo de vida aéreo, exibindo adaptações morfológicas e metabólicas únicas, tais como voos planadores economizadores de energia, asas muito longas em forma de foice e corpo compacto. Estas características permitem-lhes voar quase continuamente durante o período não reprodutivo. Estas aves dormem, acasalam, alimentam-se, bebem e recolhem materiais para construir o ninho durante o voo. No passado recente, a classificação taxonómica destas aves tem sofrido algumas alterações. Atualmente, e segundo o IOC (Comité Ornitológico Internacional), autoridade taxonómica pela qual o andorin se rege, os andorinhões pertencem à ordem Apodiformes. Esta nova ordem foi criada com base em evidências moleculares. Contudo, algumas entidades taxonómicas continuam a considerar estas aves elementos da ordem Caprimulgiformes (noitibós, bocas-de-sapo e noitibós-coruja), principalmente devido ao tipo de ecologia alimentar, uma vez que tanto os andorinhões como os noitibós se alimentam exclusivamente de insetos que caçam durante o voo.

Topografia
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RETRIZES
As penas da extremidade da cauda também chamadas de retrizes estão fixas na vertebra caudal e têm como principal função o voo sendo usadas para planar, mudar de direção ou travar.

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SUPRACAUDAIS
Penas que protegem a base das penas da cauda (retrizes).

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UROPÍGIO
Corresponde à área abaixo do dorso e até às penas supracaudais. O uropígio geralmente está sob as asas fechadas de uma ave quando pousada.

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DORSO
Área entre o manto e o uropígio. O dorso fica geralmente coberto pelas asas quando a ave está pousada.

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MANTO
Área abaixo da nuca. Constituído por grupo distinto de penas que cobre a parte superior das costas, ladeado pelas penas escapulares.

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NUCA
 Área atrás do pescoço.

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GARGANTA
Área entre o mento e o peito.

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MENTO
Esta é uma área muito pequena localizada na base da mandíbula inferior, na parte superior da garganta. Muitas vezes, a observação cuidada do mento pode ser uma boa pista para identificar certas espécies.

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BICO
O bico dos andorinhões parece muito pequeno quando fechado, mas na verdade é enorme de maneira a que estas aves tenham a habilidade de caçar insectos em pleno voo

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Fronte
Área entre o bico e a coroa.

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COROA
Área referente ao topo da cabeça do andorinhão.

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COBERTURA AURICULAR
Conjunto de penas que cobre os ouvidos.

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TERCEÁRIAS
As três penas mais interiores da asa tem o nome de terceárias e têm como principal função proteger as penas primárias e as secundárias do sol quando a ave está pousada. Como os andorinhões quase não pousam têm as terceárias minúsculas.

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ESCAPULARES
Penas que cobrem a base da asa. EAs escapules flanqueiam o manto e geralmente cobrem a curva da asa.

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COBERTURAS PEQUENAS
Penas próximas do bordo de ataque da asa que se sobrepõem às bases das coberturas médias.

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COBERTURAS DO BORDO DA ASA
Os andorinhões como são muito velozes precisam de uma proteção extra para as suas asas. Existem por isso umas penas muito pequenas que protegem o bordo da asa que não são existem na maior parte das outras espécies.

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Álulas
Três penas que crescem no local correspondente aos nossos polegares.

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COBERTURAS MÉDIAS
Penas que se sobrepõem às bases das grande coberturas.

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COBERTURAS PRIMÁRIAS
Penas que se sobrepõem às bases das penas primárias e tem como função protege-las.

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GRANDES COBERTURAS
Penas que se sobrepõem às bases das secundárias e tem como principal função protege-las.

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SECUNDÁRIAS
As penas interiores da base da asa são chamadas de secundárias e têm como principal função ajudar a ave a planar durante o voo.

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PRIMÁRIAS
São as penas mais longas dos andorinhões e têm como principal função dar impulso para o voo. Ao contrário da maior parte das penas que crescem sob a pele das aves as primárias estão fixas nos ossos das asas. 

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PRIMÁRIAS
São as penas mais longas dos andorinhões e têm como principal função dar impulso para o voo. Ao contrário da maior parte das penas que crescem sob a pele das aves as primárias estão fixas nos ossos das asas. 

coberturas primárias.png

COBERTURAS PRIMÁRIAS
Penas que se sobrepõem às bases das penas primárias e tem como função protege-las.

apus secundarias.png

SECUNDÁRIAS
As penas interiores da base da asa são chamadas de secundárias e têm como principal função ajudar a ave a planar durante o voo.

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GRANDES COBERTURAS
Penas que se sobrepõem às bases das secundárias e tem como principal função protege-las.

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COBERTURAS MÉDIAS
Penas que se sobrepõem às bases das grande coberturas.

Morfologia

As asas pontiagudas e o corpo compacto permitem aos andorinhões realizar  voos rápidos e com frequentes mudanças de direção, o que facilita a captura de insetos. Apesar de todos os andorinhões apresentarem asas em forma de foice com 10 primárias, a estrutura da cauda é variável de espécie para espécie. Enquanto algumas são ligeiramente arredondadas ou quadradas, outras são fortemente bifurcadas; e algumas espécies usam estas penas como suporte, quando se agarram a superfícies verticais. Os andorinhões têm patas pouco desenvolvidas e quase vestigiais, que não lhes permitem caminhar ou empoleirar-se em ramos ou fios de eletricidade. Contudo, desenvolveram garras fortes e afiadas bem adaptadas a se agarrarem a superfícies verticais. Os andorinhões também apresentam diferenças acentuadas no tamanho. O comprimento corporal varia entre 9 e 25 cm, o peso entre 5 e 205 g e a envergadura entre 20 e 60 cm. Entre os andorinhões mais pequenos estão o andorinhão-pigmeu (Collocalia troglodytes) e o andorinhão-das-palmeiras-venezuelano (Tachornis furcata); e entre os maiores estão o andorinhão-de-nuca-branca (Streptoprocne semicollaris) e o andorinhão-real (Tachymarptis melba). Estes apodiformes têm geralmente plumagens escuras e opacas com algumas marcações brancas, contudo o andorinhão-de-coleira-ruiva (Streptoprocne rutila) e o andorinhão-dos-tepuis (Streptoprocne phelpsi) têm plumagens mais coloridas e apresentam um colar arruivado muito característico. A maioria das espécies de andorinhão não apresenta dimorfismo sexual, não havendo diferenças apreciáveis de plumagem ou tamanho entre os sexos. Os andorinhões, apesar de terem um bico pequeno, têm uma boca grande que lhes facilita a captura de insetos durante o voo.

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Distribuição

As regiões tropicais do globo são os locais mais favoráveis à ocorrência de andorinhões. No entanto, algumas espécies distribuem-se por latitudes mais elevadas. Assim, os andorinhões podem ser encontrados em todos os continentes, exceto na Antártida. Estas aves nidificam desde o nível do mar até às zonas montanhosas da Europa, da América do Norte, da América do Sul e da Ásia. Algumas espécies de andorinhões são migradoras. O andorinhão-preto (Apus apus), o andorinhão-real (Tachymarptis melba) e o andorinhão-pálido (Apus pallidus), que nidificam na Europa, migram para África no inverno. O andorinhão-de-rabo-espinhoso (Chaetura pelagica) e o andorinhão-preto-americano (Cypseloides niger) são aves nidificantes na América do Norte que invernam na América do Sul. O andorinhão-mongol (Hirundapus caudacutus) e o andorinhão-asiático (Apus pacificus) fazem migrações de longa distância entre a Ásia, onde nidificam, e a Austrália e Nova Zelândia, onde invernam.

mapa de distribuição andorinhões. apodidae.

Habitat

Os andorinhões ocorrem numa grande variedade de habitats e estão principalmente dependentes da disponibilidade de alimento. Estas aves caçam os insetos de que se alimentam por cima de um grande conjunto de habitats, desde florestas tropicais e temperadas, savanas e desertos, até às florestas temperadas e às florestas de coníferas da Escandinávia. Os seus habitats de nidificação, por outro lado, estão mais dependentes de falésias, escarpas, árvores e construções humanas.

 

Comportamento

Durante a época não reprodutiva os andorinhões permanecem no ar e podem passar vários meses sem nunca pousar. Na época de nidificação, os andorinhões passam o dia inteiro a voar e apenas regressam aos ninhos para pernoitar e alimentar as crias. Estas aves têm áreas de alimentação bastante alargadas e em dias de tempo frio e chuvoso podem procurar alimento a mais de 60 km de distância dos locais de nidificação. As crias, no ninho, conseguem baixar a temperatura corporal e ficar entorpecidas até que o tempo melhore e os adultos retornem aos locais de nidificação com alimento. As estratégias de nidificação dependem do tipo de ninhos e da localização dos mesmos. Algumas espécies, como  o andorinhão-tesoura-pequeno (Panyptila cayennensis), constroem ninhos solitários em fendas de rochas ou em grandes ramos de árvores. Outras espécies, como o andorinhão-de-ninho-branco (Aerodramus fuciphagus), nidificam em elevadas densidades, onde mais de 100 000 indivíduos podem utilizar um único sistema de cavernas. Apesar de poderem ocorrer em pequenos grupos, os andorinhões são aves muito sociáveis e é comum reunirem-se em bandos de algumas centenas de indivíduos para se alimentarem ou migrarem. Entre os aspetos únicos que caracterizam os andorinhões, como a capacidade de dormir e acasalar em voo, destaca-se ainda o poder de ecolocalização de algumas espécies do género Aerodramus. Estas aves emitem pulsos de som que ecoam e utilizam esses ecos para encontrar os ninhos e navegarem no interior das cavernas. Porém, como esta ecolocalização é pouco sensível, as aves não são capazes de usar esta estratégia para obter alimento. O barulho das suas asas a cortar o vento e as vocalizações estridentes que algumas espécies produzem denunciam a sua presença. Outra característica deste grupo de aves é a sua fidelidade aos locais de nidificação. Em alguns casos, os ninhos são usados ano após ano pelo mesmo casal, com apenas a adição de algum material novo. Os andorinhões têm uma grande longevidade e são, geralmente, monogâmicos. A esperança de vida de algumas espécies pode ultrapassar os 20 anos e as taxas anuais de sobrevivência são superiores a 80%.

 

Ecologia alimentar e dieta

Os andorinhões são aves exclusivamente insetívoras e o tipo de insetos consumidos depende do local de alimentação e das condições climatéricas. Em dias quentes e secos, estas aves alimentam-se a altitudes mais elevadas e consomem um maior número de presas, uma vez que existe maior disponibilidade de alimento. Por outro lado, nos dias frios e húmidos, estas aves alimentam-se em altitudes mais baixas e perto de áreas com grande produtividade de insetos, como lagos e massas de água. O alimento para as crias é transportado na boca dos progenitores e consolidado num "pellet" com a adição de uma substância pegajosa produzida pelas glândulas salivares. Um único "pellet" de alimento pode conter 1500 insetos pertencentes a 60 espécies diferentes.

 

Reprodução e ciclo de vida

A época de nidificação das espécies tropicais normalmente coincide com o pico da estação húmida, durante o qual há maior disponibilidade de insetos. Por outro lado, para os andorinhões de zonas temperadas a época de nidificação começa com os dias mais longos e quentes do final da primavera, para a alimentação das crias coincidir com o pico de disponibilidade alimentar. Desta forma, alterações climatéricas podem comprometer a produtividade das espécies ao provocarem um desfasamento entre o período de reprodução e o pico da disponibilidade máxima de alimento. Este desfasamento pode também colocar em risco os adultos, uma vez que estes estão dependentes de uma grande quantidade de alimento para aumentar as suas reservas de gordura antes de migrações de longa distância. Os andorinhões tendem a ser gregários durante a época reprodutiva e algumas espécies nidificam em colónia. Contudo, diferentes espécies têm diferentes hábitos de reprodução. As espécies do género Hirundapus não constroem um ninho e colocam os seus ovos diretamente em buracos de árvores ocas. O andorinhão-das-palmeiras-africano (Cypsiurus parvus) usa a sua saliva adesiva para colar os ovos aos ninhos verticais que constrói, incubando-os em posição vertical. O andorinhão-das-barreiras (Apus horus) apodera-se de tocas construídas por abelharucos (Merops apiaster) ou por andorinhas-das-barreiras (Riparia riparia) para construir o seu ninho. O andorinhão-cafre (Apus caffer) e o andorinhão-camaronês (Apus batesi) utilizam ninhos de lama antigos construídos por andorinhas e revestem-nos com penas. As estruturas mais elaboradas são os ninhos tubulares dos andorinhões-tesoura (Panyptila spp.), que são feitos de fibras vegetais coladas com saliva. Os andorinhões do género Cypseloides utilizam matéria vegetal e lama para construírem os seus ninhos singulares, que ficam localizados atrás de imponentes cascatas. O andorinhão-de-ninho-branco (Aerodramus fuciphagus) constrói o seu ninho utilizando apenas a secreção produzida pelas suas glândulas salivares, sendo estes ninhos colhidos e usados para fazer "sopa de ninho de andorinha", uma iguaria altamente valorizada na China. As posturas dos andorinhões podem variar entre 1 e 6 ovos e a incubação dos ovos é realizada pelos dois sexos durante 20 a 28 dias, dependendo das espécies. O desenvolvimento das crias é lento quando comparado a outras aves de tamanho semelhante, demorando entre 4 e 9 semanas. 

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SABIAS QUE?

Os andorinhões passam a maior parte das suas vidas em voo!

Não poisam, nem para dormir!

E podem passar meses sempre a voar!

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