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Os andorinhões são voadores exímios capazes de permanecer vários meses em voo, sem nunca parar. Para o conseguirem, têm de manter a plumagem em excelentes condições! É através do cuidar das penas, ou “preening”, que as aves eliminam o pó, a sujidade e os parasitas, e ainda mantêm a elasticidade, a forma e a posição das suas penas. Tal como outras atividades (capturar presas, beber e acasalar), também o “preening” é realizado pelos andorinhões durante o voo.



Estas ações são tão rápidas que passam, na maioria das vezes, despercebidas mesmo aos observadores mais atentos, e apenas vídeos em câmara lenta e a curta distância são capazes de fornecer uma descrição precisa destes comportamentos.


Através da análise dos vídeos do ornitólogo Jean-François percebemos que, ao inclinarem-se para trás, os andorinhões conseguem alcançar a glândula uropigial que segrega um óleo rico em ceras, ácidos gordos e água. Esse óleo é depois espalhado com o bico pelas penas do dorso, do ventre, da cauda e das asas. A manutenção das penas da cabeça e do pescoço é realizada pelas patas: apesar de terem patas muito curtas, os andorinhões conseguem passá-las sob a asa de forma a alcançar essas zonas.


Veja aqui alguns destes movimentos!

Como a maior parte das espécies de andorinhas são migratórias, o número de andorinhas que se pode observar em Portugal varia muito ao longo do ano. Há momentos em que estão quase todas em África e, à medida que a migração começa, umas passam por Portugal em direção a norte e outras ficam por cá, reproduzindo-se e fazendo assim disparar o número de andorinhas que sobrevoam os nossos céus.



Ainda assim, o pico de observações ocorre quando as aves que se reproduziram e nasceram no centro e norte da Europa se juntam às aves que cá estão, preparando mais uma viagem rumo a sul em busca de alimento.


Ao contrário do senso comum e do que a cultura popular nos diz, o momento em que é mais difícil observar uma andorinha em Portugal é ainda no outono . Na segunda quinzena de dezembro e ainda antes do início do inverno , começam a chegar as primeiras andorinhas das várias espécies, que estão a voltar de África. E claro que quanto mais a sul, mais precoces são as observações!


Portanto, se virem andorinhas não pensem que o mundo está do avesso e que é resultado das alterações climáticas. É normal estarem por cá nesta altura. Mas atenção ️: isto não significa que as alterações climáticas não afetem o calendário das andorinhas ou mesmo a sua abundância. Até porque um dos fatores responsáveis pelo seu declínio são mesmo as alterações climáticas. Queremos apenas dizer que as andorinhas começam a regressar da migração, como sempre o fizeram, ainda durante o Inverno!


Quem já viu andorinhas este ano? Boas observações a todos!

O complexo de cavernas de Gorham, situado no Rochedo de Gibraltar, é, desde 2016, Património Mundial da UNESCO por ser um dos últimos refúgios conhecidos do Homem de Neandertal na Europa. Os neandertais partilharam o interior destas cavernas com uma espécie muito familiar, que também em Gorham encontrou refúgio: a andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris).


Evidências fósseis mostram que as andorinhas-das-rochas têm ocupado este complexo de cavernas desde o Pleistoceno Superior, há 100.000 anos. Este local é ainda hoje um importante refúgio, sendo o maior dormitório de inverno desta espécie. Em dezembro do ano passado, foram contadas mais de 20.000 andorinhas-das-rochas nas cavernas de Gorham!


Tal como os neandertais partilharam o seu espaço com estas andorinhas, conhece algum dormitório de inverno?


Conte-nos tudo!





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