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CONVIVER COM ANDORINHAS

Ter andorinhas a nidificar na nossa casa é uma bênção! Para além de usufruirmos dos serviços que as aves nos prestam ao se alimentarem de insetos e outros invertebrados, que podem até ser perigosos por transmitirem doenças, temos a oportunidade de ver estas aves bem de perto e os seus voos acrobáticos a roçar as nossas janelas.


Por outro lado temos de admitir que as aves nem sempre escolhem os lugares mais práticos para fazer os seus ninhos e a convivência pode não ser pacífica. A primeira opção deve ser sempre tentar chegar a um compromisso de boa vizinhança com as aves. Quer minimizando os impactos que possam causar, através da colocação de prateleiras para dejetos ou então procurando simplesmente ser tolerante e perceber que todos os benefícios que as aves nos trazem têm também um pequeno custo.

Campanha da SEO-BirdLife para a proteção de ninhos de andorinha


PRATELEIRAS PARA DEJETOS

Algumas espécies de andorinhas constroem os seus ninhos no interior ou na fachada de edifícios, podendo tornar-se um incómodo quando os seus excrementos se começam a acumular ou a causar algum prejuízo. Este problema torna-se mais evidente com as colónias de andorinhas-dos-beirais, uma vez que estas aves tendem a fazer vários ninhos na mesma fachada, intensificando assim o problema. As andorinhas são muito leais aos seus locais de reprodução e se os ninhos forem removidos é muito provável que os reconstruam nos anos seguintes, portanto destruir os ninhos só terá servido para que as aves tenham de fazer um esforço extra ao tornar a construí-los no ano seguinte. 

Existem medidas alternativas à remoção de ninhos, expressamente proibida por leique solucionam a maioria dos incómodos causados ​​pela presença de ninhos em edifícios e estruturas. A sujidade produzida pelas andorinhas-das-chaminés pode ser amenizada com a colocação de uma simples prateleira de proteção sob os ninhos. Já para as colónias de andorinhas-dos-beirais, a solução passa pela colocação de uma prateleira longa sob todos os ninhos da colónia. É importante que estas estruturas não sirvam de pouso para predadores não naturais como gatos, ou predadores naturais como corujas e outras rapinas.

 

Embora estas prateleiras sejam uma boa solução para lidar com a sujidade provocada pela nidificação de andorinhas, na maioria dos casos é suficiente realizar uma limpeza periódica da fachada ou do piso.

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REMOÇÃO DE NINHOS

É proibida a destruição de ninhos, tanto no período reprodutor como depois de as andorinhas partirem. Segundo o Decreto-Lei 140/99 é proibido: destruir, danificar, recolher ou deter os seus ninhos e ovos, mesmo vazios, sendo isto válido para todas as espécies de aves que ocorrem naturalmente em estado selvagem no território nacional. A remoção de ninhos pode ser feita em situações extraordinárias, como quando está em causa a saúde pública ou aquando da remodelação de um edifício, através de uma autorização emitida pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).  

No caso de não ser possível chegar a um compromisso e houver mesmo a necessidade de remover os ninhos é possível fazê-lo desde que devidamente autorizado pelo ICNF. Os pedidos devem ser feitos através de um formulário que podem descarregar aqui e devem ser encaminhados através de e-mail para o endereço cites@icnf.pt. O ICNF emite uma licença de remoção que identifica a pessoa/entidade que pode remover os ninhos, o local onde os ninhos se encontram e a data limite de remoção. No formulário deve ser identificada a espécie e o motivo pelo qual se pretende remover os ninhos. Se tiveres dificuldade em identificar as espécies, podes aprender aqui a identificar andorinhas e aqui andorinhões.

A autorização do ICNF para além de um requisito legal é o garante de que são pelo menos respeitados os períodos de reprodução das aves e só poderá implicar medidas de minimização ou compensação em casos muito particulares de colónias reprodutoras com dimensão relevante, pelo que deve ser uma norma a respeitar por todos os que se vejam na necessidade de remover ninhos de aves de alguma estrutura.


Mercado de Loulé: um bom exemplo

 

O Mercado de Loulé, com quase 120 anos de história, é uma das obras arquitetónicas mais emblemáticas desta cidade algarvia e tem sido um local central na vida de várias gerações de Louletanos.  Hoje o mercado é gerido pela empresa municipal, Loulé Concelho Global, que no ano de 2019 teve a necessidade de realizar trabalhos de conservação e impermeabilização das cantarias dos vãos das quatro fachadas do mercado. 

 

Acontece que existiam cerca de trinta ninhos de andorinha-dos-beirais (Delichon urbicum) nas fachadas do edifício, que estavam mesmo sobre os locais a intervencionar. 

 

A Loulé Concelho Global pediu autorização ao ICNF para a remoção dos ninhos, que depois de analisar a situação emitiu a licença que permitia a remoção dos mesmos. Isto depois de se verificar que não existiam ovos ou crias e desde que os trabalhos decorressem entre 30 de outubro de 2019 (data da emissão da licença) e 31 de dezembro do mesmo ano, de maneira a garantir que se realizassem antes de um novo período de reprodução.

Três anos após a remoção dos ninhos, existem cerca de vinte e cinco casais de andorinha-dos-beirais a reproduzir-se nas fachadas do mercado de Loulé. Não sabemos ao certo quantos dos trinta ninhos existentes em 2019 estavam ocupados e por isso podemos assumir que hoje o mercado para além de ter a fachada renovada, tem outra vez as andorinhas que lhe dão vida! A realização da mesma obra durante a primavera, quando as andorinhas têm ovos ou crias, para além de ser cruel, teria tido um impacto muito mais significativo nesta colónia, que poderia demorar anos a recuperar.

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